"Porque ninguém pode por outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo" (I Co 3-11).

30 de ago. de 2011

Artigo Pastoral


A importância do Calendário Cristão para o trabalho homilético.
“O Tempo Litúrgico”

Rev. Jorge Torres+
Como a pregação da Palavra de Deus ocorre num contexto temporal e cultural de uma sociedade, o ministro(a) precisa estar atento ao tipo de público para quem irá pregar, pois a comunidade constitui a razão de ser da pregação. Sem comunidade não existe pregação. Cada comunidade ou público possui suas próprias características que devem ser respeitadas e isto exige do ministro uma aproximação para que a mensagem do Evangelho possa chegar ao coração da comunidade.

De fato, muitas prédicas nascem dos momentos devocionais do(a) ministro(a), da sua reflexão e meditação, bem como da sua experiência e observação, daí a importância do calendário Cristão para o trabalho homilético, para que o pregador(a) não imponha a comunidade sua agenda pessoal, ignorando solenemente a necessidade e a expectativa da congregação, criando assim, seu cânone pessoal.


As Igrejas que conservam em suas tradições litúrgicas o calendário cristão, ou seja, datas que procuram relembrar os principais acontecimentos referentes à História da Salvação, notoriamente, se preocupam com a explanação da palavra de Deus integralmente aos seus fieis. As homilias geralmente são elaboradas tendo em vista estas datas, cabendo ao ministro(a) prepará-las a partir das características próprias de cada comunidade. Esse processo é entendido hoje como inculturação.

A liturgia das igrejas que levam em consideração o calendário cristão, diferentemente de outras igrejas cristãs que por sua vez não o consideram, possui um Lecionário Diário com os textos definidos a serem lidos nas celebrações durante o ano, facilitando assim, ao pregador(a) elaborar sua prédicas em consonância com esses textos. Há um conjunto de leituras e salmos próprios para os domingos, para os dias de semana e também para os muitos ritos que estas Igrejas preservam, destarte, tem-se a segurança de que toda a História da Salvação será proclamada durante o ano todo.

Normalmente, na liturgia dominical são lidos quatro textos bíblicos. O primeiro, geralmente é um texto do Antigo Testamento que apresenta um fundo histórico para o Evangelho, ressaltando-se assim a unidade do Antigo e do Novo Testamento; Já o segundo, mormente, são textos tirados das Cartas Apostólicas, exceto as de Pedro e João que são lidas na Páscoa e no Natal.
Por meio deste segundo texto lido no culto, procura-se tirar as conseqüências práticas aplicando-as à vida da comunidade ou do fiel, pois os textos retratam situações de fé bem concretas das primeiras comunidades cristãs. O salmo nem sempre é visto como uma leitura, mas constitui parte integrante da celebração litúrgica diária e dominical.

O quarto e último texto são extraídos dos Evangelhos. O Evangelho ocupa um lugar de destaque entre as leituras, pois é o ponto focal de toda a revelação de Deus, onde Cristo é o centro e a plenitude das Sagradas Escrituras.

A celebração cíclica dos mistérios da salvação (encarnação, paixão e ressurreição) durante o ano conduziu a Igreja cristã a uma estruturação do Tempo Litúrgico, onde o ponto alto é o mistério pascal. Assim, o Calendário Cristão ou, Ano Litúrgico segue uma ordem cronológica diferente do ano civil, iniciando-se com o primeiro domingo do Advento e terminando com a festa de Cristo Rei.

Os textos bíblicos a serem lidos nos cultos semanais e dominicais acompanham o Tempo Litúrgico. Todas as leituras durante o Culto procuram fazer referência ao mistério da salvação.

O critério de distribuição e seleção dos textos bíblicos a serem lidos no Culto coloca-nos em contato com os textos mais significativos da Sagrada Escritura ao final de três anos. Assim, os textos bíblicos estão distribuídos numa ordem cíclica, na qual anualmente é apresentado o mesmo mistério iluminado diferentemente pelos evangelistas.

No Ano “A” lê-se o Evangelho segundo Mateus. Marcos é lido no Ano “B” e, Lucas no Ano “C”.

Já o Evangelho de João preenche as lacunas deixadas pelos Sinóticos sendo reservada a sua leitura principalmente para o período da Quaresma, Páscoa e algumas festas especiais.

É claro, que existem circunstâncias especiais que obrigarão o pregador(a) a alterar o plano de leitura sugerido no Lecionário Diário, num domingo ou outro, em função de acontecimentos ou contingências que exigem uma outra abordagem mais específica, o que, a isso, chamamos de flexibilidade litúrgica.

Alternativas continuarão surgindo no contexto das Igrejas, com a finalidade de se levar a palavra de Deus ao seu povo, embasando as pregações na sua forma e formulação, contudo, não podemos deixar de considerar a importância do Calendário Cristão para o trabalho homilético, visto que o benefício do seu uso é sempre uma melhor absorção e conseqüente aprendizado dos fieis, seja na prática como na teoria.

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